Reciclar é bom, mas reduzir o volume de resíduos é ainda melhor.
Imagine uma estrada que percorresse os mais de 7,4 mil quilômetros do litoral brasileiro. Se todo o lixo urbano descartado em um único dia no país fosse espalhado por uma pista nessa extensão, se teria um “tapete de resíduos” com altura de 3,5 centímetros . Em apenas um mês, haveria um muro de lixo com pouco mais de um metro de altura. E, ao acumular todos os resíduos por um ano, somando 79,9 milhões de toneladas* , o acesso às nossas praias seria bloqueado por uma enorme muralha mal cheirosa da largura de uma pista (3,6 metros), com quase 13 metros de altura!
Essas imagens impressionam especialmente porque o ato de descartar um resíduo é quase automático , acontece no nosso cotidiano sem que nos demos conta. Diariamente, repetimos várias vezes o gesto de “jogar o fora lixo”. Em casa, no trabalho, na rua, desprezamos restos de alimentos, embalagens, equipamentos quebrados, entre outros resíduos que não queremos ter por perto, dos quais queremos nos livrar.
Mas, o fato é que, quando nos “livramos” desse lixo, ele não deixa de existir. Ele terá que ser recolhido, destinado, tratado e, se for possível, ao menos parte dele, reciclado. Agora, imagine o que é fazer isso com aquela muralha de 13 metros de altura ao longo do litoral brasileiro . E quem paga essa conta? Quem paga são os cidadãos, isto é, todos nós, visto que o custo será repassado à população na forma de impostos, parte dos quais serão usados (ou pelo menos deveriam ser usados) para pagar os serviços de limpeza pública urbana.
Nossa sociedade consome e gera mais resíduos a cada dia: mesmo com a crise econômica no país , houve um crescimento de 1,7% no volume de resíduos entre 2014 e 2015, um percentual maior do que o 0,8% de crescimento da população brasileira no mesmo período.
Como cada brasileiro produz mais de 1 quilo de lixo/resíduos por dia – segundo dado da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) – ao se considerar uma família de quatro pessoas, que mantenha essa produção diária ao longo da vida de todos os membros da família, somente essa família ocuparia quatro apartamentos de 50 m 2 lotados até o teto somente com os seus resíduos . Segundo essa mesma lógica, cinco famílias precisariam de um prédio de dez andares somente para “guardar” os seus resíduos.
Por isso, mais do que saber separar e destinar corretamente os resíduos,é preciso se preocupar em reduzir o volume do que chamamos de “lixo” . Reciclar é importante , pois reaproveita as matérias primas, economizando energia e água no processo, mas não basta. É essencial lembrar da importância de reduzir o volume de resíduos descartados. Uma maneira de expressar essa orientação é que “o melhor resíduo é aquele que não é gerado”. Assim, diminuir a quantidade de resíduos que produzimos é essencial e começa antes mesmo da hora da compra.
Dicas práticas para conseguir fazer essa redução:
– Mais da metade dos resíduos domiciliares no Brasil (51,4%, segundo a Abrelpe) são de material orgânico, composto basicamente de alimentos desprezados. Para evitar esse desperdício de alimentos, o primeiro passo é planejar o cardápio semanal : antes de ir ao mercado ou à feira, verifique o armário e a geladeira e faça uma lista de compras com base do que é realmente necessário para cumprir o planejado no cardápio.
– Inclua sementes, cascas, talos e folhas nas receitas . São partes dos alimentos que costumam ser desprezadas, mas que contém grande quantidade de nutrientes, por vezes mais do que a parte do alimento que é usada. Dá para fazer bolos, pudins, sucos, pães, molhos e geleias com o uso integral dos alimentos.
– Faça a compostagem de resíduos orgânicos (resto de alimentos e folhas, por exemplol) permite transformar esse material, que iria se acumular nos aterros, em adubo, útil para jardinagem e agricultura.
– Preste atenção à embalagem do produto: algumas delas atendem à necessidade de conservação do produto e trazem informações importantes, mas em muitos casos são excessivas. Já pensou em comprar alguns produtos a granel e armazená-los em recipientes reutilizáveis ou em potes em casa?
– Ao passar pelo caixa para pagamento, pense se você realmente precisa aceitar uma sacola ou uma embalagem a mais. Muitas vezes, elas são entregues automaticamente aos consumidores sem necessidade e são usadas somente uma vez!
– Dê preferência a produtos duráveis e evite os descartáveis: quanto mais tempo um objeto puder ser aproveitado, melhor, pois mais tempo levará para ser descartado, reduzindo desta forma os resíduos gerados.
– Proporcione uma vida longa aos produtos que você compra: cuide bem do produto e pense em formas de consertar aquilo que quebrou ou estragou.
– Reflita antes de fazer uma compra: pense se você realmente precisa comprar ou se está sendo levado por um impulso do momento. Veja se você já não tem o suficiente e se você pode, em vez de comprar, fazer uma troca, reutilizar ou pegar emprestado.
Veja aqui o que é sustentabilidadade ambiental!
*Todos os cálculos feitos com base nos dados contidos no relatório da Abrelpe denominado “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015”
Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/climatempo/reciclar-e-bom-mas-reduzir-o-volume-de-residuos-e-ainda-melhor,6eca5e5f952023c1748f35786146a659fd0hb2zt.html